Imagem de Paz!

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Foto da cachoeira do Sahy, Mangaratiba, RJ

domingo, 8 de novembro de 2009

A árvore ao lado de minha casa e o velho Salú


No terreno baldio, ao lado de minha casa, existe uma velha mangueira aparentando muito sofrimento. Pode-se facilmente, perceber quantos sofrimentos tem passado, pois uma parte de suas folhagens está coberta por ervas daninhas (erva-passarinha) que pouco a pouco vai lhe tirando as forças. Como se não bastasse isso, também é visível em seu tronco uma enorme trilha de cupins que decidiram fazer sua casa bem no alto da mangueira.

Mas o que me surpreende nessa árvore é que ela não se dá por vencida. Dia após dia nos brinda com seus deliciosos frutos sem que tenhamos que lhe jogar nenhuma pedra. Às vezes acordo de manhã, olho pro chão abaixo dela e vejo muitas mangas que caíram durante a madrugada, dando a impressão de que aquela velha mangueira esteja esperando que nós, seus vizinhos, colhamos os seus frutos e nos deliciemos com eles. Durante a noite, muitas vezes nos assustamos com o barulho que as mangas fazem ao serem derrubadas, ora pelo vento, ora pelos morcegos que buscam alimento. De dia, não é diferente. Sem se cansar, lá está a imponente árvore nos brindando com suas mangas, nos convidando a recebê-los de graça, pelo simples prazer de cumprir o seu papel na natureza.

Pensando nisso, logo me veio à memória uma pessoa que muito marcou minha juventude, o diácono Salustiano. Diácono Salustiano ou velho Salú, como nós o chamávamos, era um humilde diácono de minha antiga igreja cujo serviço e dedicação muito me ensinaram. O que ele fazia com mais alegria era "servir", seja na igreja ou fora dela. Pro Salú, não tinha tempo ruim! Ele chegava cedo à igreja, ia logo limpando os banheiros, abrindo as janelas e se colocando firmemente à porta do templo, a fim de receber os primeiros irmãos que chegassem para o culto. O velho Salú marcou não só nos serviços da igreja mas também nos serviços seculares. Muitas vezes o contratei para trabalhar em minha casa, o que fazia com tanta alegria que me assustava. Às vezes, o contratava para capinar o quintal onde eu morava e, quando acordava, ele já tinha feito a metade do serviço. Isso seria normal se ele fosse mais jovem, mas aquele homem de Deus, com menos de 1,50 metros era de idade avançada. Tinha quase setenta anos de idade e, mesmo assim, servia como um jovem e valente guerreiro. Quando falava alguma coisa, antecipava sempre as suas palavras com a expressão: “ô Deus maravilhoso!” Como isso me impactava! Nunca se cansava e, como o tempo não perdoa a ninguém, o Velho Salú finalmente foi vencido, depois de setenta e tantos anos, adoeceu. A última vez que o visitei, lá estava ele, em seu leito, tentando se levantar sozinho, já não falava com tanta empolgação, dava muito trabalho à sua velha esposa pois, tentava fazer o que gostava e não mais conseguia. Entretanto, a expressão “Deus maravilhoso”, continuava sendo pronunciada com todas as suas forças. O velho salú partiu para a eternidade, mas deixou em minha lembrança a imagem de alguém que cumpriu o seu papel nesta vida.

Assim como a mangueira do quintal baldio, o velho diácono Salustiano deixou saudades e daqui há alguns anos, poucos saberão quem foi, mas seus serviços contarão sua história. A única coisa que as pessoas podem se gabar nesta vida é do bem que fizerem. Isso é questão de justiça! Tenho saudades de muitas pessoas que passaram em minha vida, mas nunca vou esquecer-me do velho Salú, que me ensinou o sublime prazer de ser diácono. Ele me disse uma vez, que quando foi convidado pelo meu pai, o saudoso Pastor Agostinho José da Silva, prá ser porteiro da igreja, levantou-se e orgulhosamente aceitou e, por isso, seria porteiro até morrer. Disso sou testemunha: cumpriu seu papel com toda a alegria e fidelidade!

Antes de ser pastor congregacional, fui diácono daquela igreja, mas o serviço da diaconia foi ele quem alegremente me ensinou.

“Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma. Eclesiastes 9.10".

2 comentários:

  1. SE EU NÃO SIRVO PARA SERVIR,EU NÃO SIRVO PARA NADA...SERVI ESSE TEM QE SER O NOSSO LEMA SEMPRE!!

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  2. Saudoso Irmão Salustiano...
    Homen de garrra,mesmo c/sua idade avançada estava sempre disposto á fazer(não se importava o que?).Pois o que mais gostava de fazer era:
    1ºServir ão maravilhoso Deus.
    2ºTrabalhar sempre.
    Tive o prazer de conhecer e sempre tive muito carinho,respeito e admiração.Hoje,guardo com carinho em minha memória o velho e humildi irmão Salú.

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